Tinha corpos que recitavam
poesia, outros travestindo carrancas... em síntese, incorporava uma dialética
fina, quase sem linha separadora. Os corpos todos sublimados sob o intenso
regime ditatório da consciência, afirmando apenas viver liberdade de escolha...
Dizia escolher a dimensão na qual
viveria, recebendo, assim, desafetos e calores nas faces rubro-contidas dos “universos
adversos” com os quais convivia, energias das quais sua consciência aprendera a
desviar, levando consigo corpo, alma e espirito para que não se afetassem por
estes mundos sem dono – ora alheios ora seus.
Pressuposto dizer que, aos
desavisados entender a liberdade como integrante da população de seus
sentimentos seria bobagem, derrubava as inquietações alheias com comandos
ardilosamente preparados para manter seu contato com o mundo de forma mais
controlada possível, e por fim, unia o mundo todo em todos somos Um. Assim recitava
a intensa marcha funérea para nosso incontido sentimento de apartabilidade... todos
somos Um.
Enquanto saboreava aos poucos
pequenos pedaços do que seria verdade, brincava de achar sentimentos, desvendar
pessoas, mundos, moléculas, ideologias... Enlaçava com as mãos a Via-Láctea-em-flor
no quintal de casa.
Lidava, quase impossivelmente,
tão bem com a contradição de ser/estar/permanecer e ainda lhe restava um
memorável sabor de alma na boca. Imaginava ser este o sabor que tinham suas
incursões pela física quântica, neurolinguística e autocontrole, nunca impunes,
as vezes mais alheias que suas.