a cada vez que respiro.
Sei que respiro
e morro cada pouquinho a seu tempo.
Tenho tempo de morrer enquanto vivo,
nunca de viver enquanto morro.
Coisa para a qual tenho tempo é morrer.
Distraio-me da morte, sempre,
como passatempo.
Morrer, o único verbo
de minha existência no presente,
como coisa presente.
Fazendo milhares de coisas neste tempo
nunca tenho tempo, e se tenho,
logo algo me toma o tempo.
E leva tempo pra perceber
que não da tempo de deter...
Como disse, não sei quantas
palavras são mortas a cada vez que respiro,
mas respiro e morro enquanto estou a matá-las,
a certeza que fica é a de que
so vivo ao matar-me um pouco.
O mais frio dos assassinatos
(como se matasse outro),
Friamente, lentamente...
Enquanto respiro.
Poeta Eterno