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quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007

Palavras nuas

Palavras nuas

Passam por teus olhos ávidos,
As letras que de mim saíram,
E que são mais que palavras,
São esconderijos.

Cada letra em seu conjunto,
Conjura outros tantos sentimentos,
Sentimentos tantos outros,
Que desconjuntam todo o meu ser.

Cada estrutura pronta que edifico,
Não é mais do que pó de sonhos,
Que se vestem de poema,
Para desfilar no negro brilho de seus olhos.

Como num desfiladeiro,
As palavras se vão sem medo,
Tem a coragem que eu não tenho –
Mostram um eu que não conheço.

E todos os meus segredos invisíveis, se fazem ver.
E todos os delírios indizíveis, se deixam ler.
E sem vergonha de ser, as palavras são suas,
As palavras são nuas.

ღ.Røså.ღ

terça-feira, 27 de fevereiro de 2007

Se

Se

(Hermógenes)

Se, ao final desta existência,
Alguma ansiedade me restar
E conseguir me perturbar;
Se eu me debater aflito
No conflito, na discórdia...

Se ainda ocultar verdades
Para ocultar-me,
Para ofuscar-me com fantasias por mim criadas...

Se restar abatimento e revolta
Pelo que não consegui
Possuir, fazer, dizer e mesmo ser...

Se eu retiver um pouco mais
Do pouco que é necessário
E persistir indiferente ao grande pranto do mundo...
Se algum ressentimento,

Algum ferimento
Impedir-me do imenso alívio
Que é o irrestritamente perdoar,

E, mais ainda,
Se ainda não souber sinceramente orar
Por quem me agrediu e injustiçou...

Se continuar a mediocremente
Denunciar o cisco no olho do outro
Sem conseguir vencer a treva e a trave
Em meu próprio...

Se seguir protestando
Reclamando, contestando,
Exigindo que o mundo mude
Sem qualquer esforço para mudar eu...

Se, indigente da incondicional alegria interior,
Em queixas, ais e lamúrias,
Persistir e buscar consolo, conforto, simpatia
Para a minha ainda imperiosa angústia...

Se, ainda incapaz
Para a beatitude das almas santas,
Precisar dos prazeres medíocres que o mundo vende...

Se insistir ainda que o mundo silencie
Para que possa embeber-me de silêncio,
Sem saber realizá-lo em mim...

Se minha fortaleza e segurança
São ainda construídas com os materiais
Grosseiros e frágeis
Que o mundo empresta,
E eu neles ainda acredito...

Se, imprudente e cegamente,
Continuar desejando
Adquirir,
Multiplicar,
E reter
Valores, coisas, pessoas, posições, ideologias,
Na ânsia de ser feliz...

Se, ainda presa do grande embuste,
Insistir e persistir iludido
Com a importância que me dou...

Se, ao fim de meus dias,
Continuar
Sem escutar, sem entender, sem atender,
Sem realizar o Cristo, que,
Dentro de mim,
Eu Sou,
Terei me perdido na multidão abortada
Dos perdulários dos divinos talentos,
Os talentos que a Vida
A todos confia,
E serei um fraco a mais,
Um traidor da própria vida,
Da Vida que investe em mim,
Que de mim espera
E que se vê frustrada
Diante de meu fim.

Se tudo isto acontecer
Terei parasitado a Vida
E inutilmente ocupado
O tempo
E o espaço
De Deus.
Terei meramente sido vencido
Pelo fim,
Sem ter atingido a Meta.

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007

A lagrima - A. Anjos

A Lágrima

- Faça-me o obséquio de trazer reunidos
Cloreto de sódio, água e albumina...
Ah! Basta isto, porque isto é que origina
A lágrima de todos os vencidos!
-"A farmacologia e a medicina
Com a relatividade dos sentidos
Desconhecem os mil desconhecidos
Segredos dessa secreção divina"
- O farmacêutico me obtemperou. -
Vem-me então à lembrança o pai Yoyô
Na ânsia física da última eficácia...
E logo a lágrima em meus olhos cai.
Ah! Vale mais lembrar-me eu de meu Pai
Do que todas as drogas da farmácia!

A Anjos

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2007

Poema Élfico - Autor Desconhecido

"A Elbereth Gilthoniel
silivren penna míriel
o menel aglar elenath!
Na-chaered palan-díriel
o galadhremmin ennorath,
Fanuilos, le linnathon
nef aear, sí nef aearon!"

Poema Élfico.
Se alguem souber que escreveu eu edito o post, ok?

Teorias & Contrateorias

"Quem tenta acredita, se não acreditasse, não tentaria..."
Poeta Eterno

"ás vezes se tenta na maior má vontade só pra provar a si mesmo que o melhor é não acreditar." Bárbara

18/02/2007.