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segunda-feira, 29 de julho de 2013

Oração de São Francisco de Assis (uma oitava acima)

[Poeta Eterno]

Cultivo em mim a possibilidade.
Permito-me ser instrumento de paz e vazio.
Onde houver ódio, que me permita cultivar amor;
Onde houver ofensa, que me permita cultivar perdão;
Onde houver discórdia, que me permita cultivar união;
Onde houver dúvida, que me permita cultivar fé;
Onde houver erro, que me permita cultivar verdade;
Onde houver desespero, que me permita cultivar esperança;
Onde houver tristeza, que me permita cultivar alegria;
Onde houver trevas, que me permita cultivar a luz,
Onde nada houver, que eu me permita permanecer vazio,
desde que para o crescimento.


Que eu me permita aprender o que é julgar como bem e
mal, alto e baixo, bom e ruim, entendendo que:
Tudo é manifestação de um único verso,
que eu me permita ver as coisas desta forma.


Que eu permita harmonia na busca,
E que me encontre entre
Consolar e ser consolado;
compreender e ser compreendido;
amar e ser amado,
Mas que transcenda a dualidade,
trabalhando a unidade.


Que eu me permita cultivar a serenidade,
Que eu aceite o sentimento de incapacidade,
Que eu me permita transcendê-lo,
Que a coragem para modificar e transmutar esteja em mim,
E, assim, eu possa viver
sem que minha mente racional tenha que escolher.


Sentir que é dando que se recebe,
que é perdoando que se é perdoado,
que é morrendo que se vive para a vida eterna...
É apenas racionalização e apartamento de minha mente analítica.
Que eu veja como Tudo sempre foi Um.


Que eu me permita deixar ir...

Que eu aceite a transmutação de cada coisa, estando consciente delas.

segunda-feira, 22 de julho de 2013

A Revolta dos Macacos - Pompilho Diniz

Porque não haveriam de se revoltar com tal comparação?

A Revolta dos Macacos
[Pompilho Diniz]

Só nos trouxe desvantage
Essa ta de descendênça.
Pois pru mode essas bobage,
Houve tanta desavença,
Que de argum tempo pra cá
Bicho nenhum quer mais dá
A macaco muita crença...

No entanto vocês se engana
Pió mentira não há.
Coquero não dá banana
(cada coisa em seu lugá)
Nem bananera dá coco
Nóis, os macaco tampouco
Vai outro bicho gerá

E nenhum de nóis aceita
Na famia essa braiada.
Nossas macaca é direita
Muito honesta e respeitada
É por isso que eu duvido
Que os homi tenha nascido
No meio da macacada

Se os homi tivesse em fim
descendência de macaco,
num havia gente ruim
e nem sujeito veiaco.
Vivia sem ter trabaio
Drumindo no memo gaio
Comendo no memo caco

Repare se argum macaco
bebe cachaça pru viço.
Se cheira tabaco...
Ou desejando sumiço,
ele memo se matasse.
Mas os homi quando nasce
Já tem tendença pra isso

Veja bem se argum de nois
somente por ambição
Guardando rancor feroz
mata seu prório irmã.
Que ele seja forte ou fraco
macaco contra macaco
nunca fez revolução

Animá nenhum da terra
Tem esse instinto do homi
de vivê fazendo guerra
Matando os outro de fomi.
Entre nóis há união.
Sem haver exproração
quando um comi os outro comi

Se um macaco tá doente,
cura seu má com resina.
Mas os homi é deferente.
Faz primeiro uma chacina
em tudo quanto é macaco
e dele fazer vacina

Também as nossa macaca
Num dexa os fio cum fomi
nem arruma a sua maca
e pelo mundo se somi
atrás de outro chimpanzé
Cumo faz essas muié
fugindo com os outro homi

As nossas macaca véve
Cuidando só da famia.
Nenhuma deles se atreve
ir de noite pras folia
deixando em casa seus fio
bandonado, com frio
pra vortá no outro dia

Porém, nada disso importa
E pra falá francamente
Nóis enfim só não suporta
a mentira dessa gente
que pra manchá nosso nome,
quer pru força que esses homi
seja nossos descendente.

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Pru quê - Pompilio Diniz

À sua maneira, em sua finitude, cada ser respira uma sabedoria imensa...

Pru quê
[Pompilio Diniz]
 
Pru quê tu chora, pru quê?
Pru quê teu peito saluça
e o coração se adebruça
nos abismo do sofrê?
Tu pode me arrespondê?
Pru quê tua arma suzinha
pelas estrada caminha
sem aligria mais tê?

Pru quê teus óio num vê
e o coração não escuita
no sacrificio da luita
este cunvite a vivê?
Eu te prugunto, pru quê?
pru quê teus pé já sangrando
cuntinua caminhando
pela estrada do sofrê?

Pru quê tua boca só fala
das coisa triste da vida
que muita veiz esquecida
dentro do peito se cala?
quando o amô prefume exala
pru quê tu mata a simente
dessa aligria inucente
que no seu sonho se embala?

Pru quê que teu coração
é cumo um baú trancado
e dento dele guardado
só desespero e afrição
Pru quê num faiz meu irmão
uma limpeza la dentro
varrendo cô pensamento
os ispim da mardição?

Pru quê tu véve agarrado
nas asa desse caixão
que carrega a assumbração
desse difunto, o passado?
Se tu já véve cansado,
interra todo o trumento
na cova do isquicimento
pra nunca mais sê lembrado

Despois disso, vem mais eu...
vem ouví pelas estrada
o canto da passarada
que em seu peito imudeceu.
escuita a vóz das cascata,
chêra o prefume das mata,
óia os campo, tudo é teu...

Aprende côs passarim
que só tem vóz pra canta
com o sor que nasce cedim
e vem teu frio esquentá
Óia as estrela, o luar
mas antes de tu querê
isso tudo arrecebê
aprende primeiro...
a dá.