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sábado, 2 de junho de 2012

Das ilusões ultimas

Havia um gosto em si pela inversão de certos pólos chamados opostos.

Tinha para si que a acomodação era gritante, insistente, um caos roubado de nós, nossa ação e vontade roubadas de nós. Assim fazendo, agia sempre em oposição ao que se lhe apresentava aos olhos, talvez por imaginar, pensar, perceber, ou ter categoricamente raciocinado, minuciosamente construído a idéia de que esta mesma acomodação lhe trazia cansaço, inanição intelectual, que roubava suas glórias (tantas as que ainda tinha a conCstruir).

Sabia que, enquanto iludíamo-nos com pedaços de céu - estando comodamente em nossa sala de estar tridimensional - nossa pequena glória ia fugindo de nós, levada pelo insistente e frenético descaso pelo caos (eis que devíamos insistentemente buscá-lo e não o estávamos a buscar). Sua ânsia por construir glória não tinha fim.

Das ilusões últimas, a que se tornara mais comum era a mais comum das frases feitas: "No final, tudo acaba bem" - dizia. E se lhe ouvisse Heráclito, faria com que definisse este final, talvez obtendo como resposta que são ilusões ultimas para um final derradeiro, mas cabendo após: três infindáveis pontos... Estes a não responder coisa alguma, comprovando então que não era possível definir coisas com nosso tão pequeno pedaço de entendimento.


Poeta Eterno