Pétalas
Pedaços de mim, imaginários que suponho,
Que transponho em mil,
Que liberto em pedaços, sinto e deixo partirem.
Pétalas, que em mim antes eram vida,
Agora, são pedaços de morte coloridos,
São traços da fragrância perdida,
Cheiro da grama esquecida que um dia tive em mim,
E que agora me servem de leito mortal.
Pétalas, que me fecharam em botão,
Que me fingiram tímida,
Pra atrair o sol, e assim desabrochar,
Dele, pra ele, e com ele,
Estando nele a razão de florescer.
Pétalas que me fizeram diferente,
Ímpar de outras flores, única dentre as cores,
Vendo florirem jasmins, gerânios,
Vi-me rosa, e me quis assim.
Quiseram-me outra flor,
Que não tivesse espinhos,
Quiseram-me de outra cor,
Não queriam que fosse rosa a rosa,
Quiseram julgar-me o valor.
Nada disso importa agora,
Minhas pétalas sabem do valor que tem,
Se orgulham da proximidade do espinho,
E se agora se despetalam de mim,
É porque eu quis assim.
ღ.Røså.ღ